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Passou do passado.

Aqui estamos.
Olhos demasiadamente fundos, corpo curvado e magro como nunca estivera antes.
Cabelo por fazer, maquiagem por fazer. Há roupas espalhadas por toda o chão. Amarrotadas como nossos rostos sonolentos, mas que insistem em não repousar sem uma dose a mais de tesão e instinto selvagem. Mais uma rodada, então, se inicia. Os corpos novamente se unem e os lábios novamente se tocam. Entretanto, o calor que deveria sentir vindo do outro corpo, não o sinto. Também o calor que deveria sair do meu, não há. Somos dois corpos suados e insaciáveis, porém frios e sem emoção. Os gemidos parecem não de prazer, mais sim de dor. E não a dor do cansaço físico, mas sim a emocional. Somos dois pobres corpos cujas almas vagam em busca daqueles que realmente amam. Duas almas ressentidas pela solidão, vagando em busca de sua gêmea verdadeira, daquela que traga consigo o sopro da vida e da felicidade, que traga consigo a chave para destrancar um coração dilacerado e magoado.
O ballet de braços e pernas continua. O contorcionismo dos corpos revelam ainda mais desejo reprimido e não há vontade de parar, mesmo sangrando o peito a cada segundo a mais dentro daquele ambiente. Nada consigo sentir além do arrependimento de não me arrepender por nada. Nada consigo querer além da vontade de estar e não estar alí simultaneamente. Nada consigo imaginar além do que minha alma estaria fazendo e onde estaria a observar onde realmente gostaria de estar. Os pensamentos se embaralham com o sentimento e, nesse jogo de cartas em minha mão, não há trunfo, nem parceria.
Estamos unidos pelo fracasso somado à necessidade de ter um corpo unido ao nosso. Mas de que adianta ter um corpo desalmado? De que adianta ser um corpo desalmado? Simplesmente não podemos mais lutar por nossos ideais de ser corpo e alma para quem amamos. Amor talvez nem exista mais. Somente os cinquenta porcento do lado de cá, que não se podem fazer duas metades de um inteiro. Formam duas metades de algo que agora se completa apenas no campo da imaginação.
É o fim de mais uma rodada. Os corpos, então, separam-se e nenhuma palavra é dita. O que posso afirmar, é que as duas mentes repetem insistentemente as mesmas questões: Onde será que está a minha alma? Será que ela voltará com triunfo em sua busca?
Os olhos se fecham. Não estamos dormindo, muito menos sonhando. É apenas um fôlego para a próxima rodada de sofrimento, razão, tesão, satisfação e dúvidas que começará em instantes.




Sinta-se livre para pensar o que quiser.

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